Você provavelmente tem ouvido falar nas mídias “copom eleva a taxa Selic”, “Selic chega a dois dígitos em 2023”, “Selic aumenta para conter inflação”, etc. Mas, afinal, o que essa sigla tem a ver com a sua vida? Pois te adiantamos, TUDO!
Para mostrar o impacto que a Selic tem na sua taxa de juros de crédito e no seu dia a dia, explicaremos para você detalhadamente a origem da taxa, como ela é operada pelo Banco Central e qual a relação dessa taxa com os juros do seu banco e o seu bolso.
O que é a Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, sendo o principal mecanismo do Banco Central (BC) para controle de inflação. A meta da taxa Selic é definida, a cada 45 dias, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que pode aumentá-la, diminuí-la ou, até mesmo, manter o seu valor, levando em conta o contexto econômico. A taxa Selic serve como parâmetro para os juros cobrados pelas instituições financeiras na concessão de empréstimos, financiamentos e rendimento dos investimentos.
Uma vez definida a meta da taxa Selic, é hora do Banco Central agir para que essa taxa seja cumprida! Vamos ver como isso funciona na prática.
Lembre-se! Esta é uma das métricas mais importantes que afetam o custo do seu empréstimo.

Fique sabendo! O Copom é o órgão do Banco Central, formado pelo seu Presidente e diretores, que define a taxa básica de juros da economia – a Selic.
As reuniões normalmente ocorrem em dois dias seguidos. Veja, na imagem ao lado, os fatores que embasam a definição da Selic
A importância da Selic para o Brasil
Antes de explicar como a Selic é aplicada na economia, precisamos voltar um pouco e entender qual é a sua utilidade para o governo.
O governo brasileiro precisa de capital para financiar as suas atividades, como programas de educação, saúde, infraestrutura, entre outros. A arrecadação pode ser tanto via impostos, quanto via emissão de títulos públicos federais, os “famosos” títulos da dívida pública ou títulos do Tesouro Nacional.
Esses títulos consistem em ativos de renda fixa, emitidos pelo Governo Federal, para captação de recursos junto à sociedade. Eles podem ser comprados por pessoas físicas (pela plataforma digital do Tesouro Direto) ou por entidades financeiras, que representam a maior parte de compradores dos títulos.
Você sabia que pode financiar seu país? É isso mesmo! Ao adquirir um título, você emprestará dinheiro ao governo federal e, em contrapartida, ele irá lhe devolver o valor, em uma data determinada, acrescido de juros. Por ser a operação de menor risco do mercado financeiro (quase nulo, afinal a garantia é o próprio governo federal), a taxa praticada é a menor da economia.

Fique sabendo! O Tesouro Nacional é como se fosse o caixa do governo. Ele recebe o dinheiro arrecadado pela Receita Federal e outros órgãos e faz a gestão desses recursos para cumprir o orçamento público. Além disso, emite os títulos de dívida pública. Quem faz a gestão é a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), subordinada ao Ministério da Economia. (Fonte: Portal do Tesouro Nacional)
Como o Banco Central aplica a taxa Selic
O nome da taxa Selic é proveniente do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), criado em 1979, pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima). O sistema digital, gerido pelo Banco Central (BC), realiza o registro, a custódia e a compra e venda dos títulos públicos federais, emitidos pelo governo. Apenas instituições financeiras credenciadas ao Banco Central têm acesso ao Selic.
Como o Banco Central age para que as taxas das operações sejam próximas à meta da Selic, definida pelo Copom? Diminuindo ou aumentando a oferta de títulos nesse mercado. Com isso, ele influencia os juros negociados pelos bancos nos empréstimos que utilizam esses títulos como garantia, fazendo com que a média das taxas praticadas nessas negociações seja próxima da meta da Selic.

Fique sabendo! Antes do lançamento do sistema Selic, nos anos 70, a movimentação financeira dos títulos públicos era feita por certificados em papel. Para comprar um título, pagava-se, em dinheiro,o valor ao banco/corretora. Este fornecia o título público em papel, que atestava o seu empréstimo ao governo. Havia grande risco de fraude, extravio ou perda do certificado. A partir da criação do sistema Selic, a movimentação física passou a ser por registros eletrônicos, oferecendo maior segurança, rapidez e transparência na compra e venda de títulos públicos.
Por que os bancos realizam empréstimos entre si, lastreados pelo título do governo? Todos os bancos são obrigados, por lei, a depositar uma parte do dinheiro em uma “conta” do Banco Central – trata-se do “depósito compulsório”. Isso ocorre para impedir que os bancos emprestem todo seu dinheiro e fiquem sem caixa, garantindo uma maior segurança do mercado financeiro, além de permitir que o BC controle a quantidade de dinheiro em circulação.
Ao final do dia, alguns bancos podem ficar com dinheiro sobrando em caixa, enquanto outros, com dinheiro faltando para realizar o depósito compulsório. Então, é a partir daí, que ocorrem os empréstimos interbancários, em que um banco pega emprestado dinheiro com outra instituição financeira para complementar o seu saldo e realizar o depósito compulsório. As garantias utilizada nesses empréstimos são os títulos do governo federal.
O BC age ativamente na oferta desses títulos públicos no sistema Selic, conseguindo influenciar o mercado para que as taxas praticadas nas negociações entre os bancos sejam próximas do Copom.

Entenda melhor! Por exemplo, no Banco X, a quantidade de saques dos clientes foi superior ao número de depósitos em um dia. Isso fez com que o seu saldo ficasse inferior à quantia estabelecida pelo BC para o depósito compulsório. Para cumprir a lei, o Banco X pegará empréstimo com outra instituição bancária. Esses empréstimos costumam ser de um dia e, por isso é considerado de baixíssimo risco. Como seu risco é baixo, a garantia dada geralmente é o título do governo federal atrelado à taxa Selic, adquiridos do Banco Central.
Metas de inflação e a Selic
Para compreender a relação entre o aumento de inflação e o ajuste da taxa Selic, precisamos conhecer o regime de metas de inflação, que exerce influência na definição dessa taxa.
O Brasil, desde 1999, adota o regime de metas de inflação, em que o Conselho Monetário Nacional (CMN) indica a meta da inflação anual, tendo como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – esse índice tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referente ao consumo pessoal das famílias, com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.
O regime de metas é uma ferramenta para assegurar maior estabilidade econômica ao país. Essa política foi adotada em virtude de um longo período de descontrole inflacionário no Brasil, que desestabilizou por muitos anos a nossa economia – no final dos anos 80 e início dos 90, a inflação chegou a superar 80% ao mês.

Fique sabendo! O CMN é o órgão composto pelo presidente do Banco Central e pelos ministros do governo, cujo presidente é o Ministro da Economia. Cabe ao Banco Central adotar as ações necessárias para manter a inflação sob controle.
Como a Selic age na inflação e impacta nas suas economias
- Consumo e Inflação
Nesses últimos anos, temos presenciado um constante aumento nos preços dos alimentos, produtos e serviços, de forma geral. A inflação fechou 2021 em 10,6%, sendo a mais alta desde 2015.
Isso ocorre quando a demanda é maior do que a oferta, ou seja, todos querem comprar, mas não há produtos suficientes no mercado, gerando seu aumento de valor. Além disso, a forte valorização do dólar frente ao real tornou mais alto o nosso custo de importação e, consequentemente, toda cadeia produtiva do Brasil, o que impacta, também, na elevação do preço para o consumidor final.
Por conta desse cenário de alta inflacionária, o Copom vem aumentando, a cada reunião, a taxa básica de juros: se, em janeiro de 2021, estava em 2% a.a., hoje já está a 10,75% a.a.


- Dólar e Inflação
A taxa Selic também reflete na política cambial do país, pois os juros dos títulos de renda fixa do Tesouro Nacional está intimamente ligado à atração de investimentos estrangeiros e, por conseguinte, à inflação.
Há outras variantes macroeconômicas que vão determinar a entrada desse capital, como o contexto mundial e o apetite por risco desse tipo de investidor. Mas, por ora, vamos nos ater apenas ao efeito direto da Selic sobre o câmbio.


Agora que você já sabe a importância da Selic para a economia brasileira e como ela reflete nas taxas de juros praticadas no mercado e no nosso bolso, torna-se cada vez mais imprescindível que você escolha linhas de financiamento e/ou empréstimo, com melhores condições e juros mais atrativos, afinal o dinheiro está “mais caro”.
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